Pesquisa personalizada

28 janeiro 2007

Invisíveis e insensíveis odores da natureza

Permanece a dúvida: os seres humanos se comunicam quimicamente por feromônios?

Por que será que, em meio a um bom número de pessoas, é aquela em especial que nos atrai? A beleza aos nossos olhos, a inteligência ou a sensibilidade que nos revela ao falar, a sensualidade nos gestos, o que será? Chegamos mais perto e o encanto inicial se confirma ou não. Por que será? São vários os fatores que determinam essa atração interpessoal, mas um deles, invisível e insensível, tem excitado a curiosidade dos neurocientistas: a possibilidade de que a espécie humana empregue feromônios para comunicar-se quimicamente com seus semelhantes. Feromônios são substâncias inodoras produzidas pelos animais e depositadas no ambiente, capazes de influenciar o comportamento e o funcionamento orgânico de indivíduos da mesma espécie. Os camundongos machos, por exemplo, secretam na sua urina um tal metiltiometanotiol ou MTMT, que atrai as fêmeas e as faz investigar o ambiente em torno do emissor. As coelhas mamães secretam no leite um 2-metilbutenal-2, que determina nos filhotes a busca ativa pelas tetas.
Nesses animais, já se identificou todo um conjunto de regiões do sistema nervoso envolvido nessa forma de comunicação química: é o chamado sistema vômero-nasal. Um setor da mucosa nasal, o órgão vômero-nasal, apresenta células sensoriais especiais dotadas de proteínas específicas incrivelmente sensíveis a baixas concentrações desses compostos. Essas células sensoriais estabelecem comunicação com certos neurônios do cérebro, formando uma cadeia de circuitos que segue às regiões da memória, das emoções, e da coordenação hormonal que o sistema nervoso exerce sobre o organismo. Mas não se trata do sistema olfatório: esses mensageiros químicos não são percebidos conscientemente, embora influam bastante sobre o comportamento e a funcionalidade do corpo.

Continue lendo esta matéria em:
http://cienciahoje.uol.com.br/65646

Roberto Lent Professor de Neurociência Instituto de Ciências Biomédicas Universidade Federal do Rio de Janeiro

Nenhum comentário: