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19 maio 2010

Só livros ainda registram as serpentes do Butantan...

Como é triste verificar o descaso que se tem com lugares importantes como este desta notícia....até quando as autoridades e entidades irão deixar ao acaso e sem proteção e estrutura locais que deveriam ter apoio financeiro para guardar em segurança materiais tão importantes para todos!!!

Embora quase todo o acervo de 85 mil exemplares de serpentes da coleção científica do Instituto Butantan tenha sido destruído pelo incêndio que aconteceu no último sábado, os livros-tombos, que contêm os registros de cada animal catalogado, estão intactos.
A informação foi dada pela bióloga Myriam Calleffo, responsável pela recepção dos animais que a população entregava para fins científicos ao instituto. “Esses livros estavam em outro prédio, por isso não se perderam. Não sei quantos são, mas eles contêm informações de cada bicho, desde o primeiro, que foi catalogado em 1901.” O livros-tombos têm dados sobre quem trouxe e quem recebeu o animal, local onde foi encontrado, nome científico e nome popular, data de coleta, entre outros detalhes. Segundo a bióloga, esses dados podem servir para um levantamento zoogeográfico (sobre a distribuição geográfica das espécies).
Sobre o arquivo digital, que teria informações de todo o acervo do Prédio das Coleções, há informações de que a digitalização foi feita em um computador que estava no interior do edifício e que, portanto, também se perdeu no fogo. Cópias de segurança também estariam no mesmo prédio, embora uma funcionária que não quis se identificar afirme que 50% desses backups estejam a salvo. A direção do instituto não confirma esses relatos, mas enviou uma nota na tarde de segunda-feira (17), por meio de sua assessoria de imprensa, informando que “assim que todo o material for retirado, será possível fazer uma análise precisa dos itens perdidos no acidente”.
O diretor do Butantan, Otávio Mercadante, visitou o prédio na tarde de segunda, acompanhado de peritos, que coletaram material para a realização de laudo, mas não há prazo para emissão desse relatório. A nota diz ainda que, nos próximos dias, engenheiros do Butantan, acompanhados de representantes da Defesa Civil, continuarão com o trabalho de retirada do acervo não danificado. A estrutura da edificação está comprometida e corre o risco de desabar.
Retratos biológicos – O acervo do Prédio das Coleções dificilmente será recuperado. Embora tenha sido retirada do local uma sucuri de 5,4 metros de comprimento, encontrada em Porto Primavera e trazida ao instituto em 2001, outras espécies, que compunham verdadeiros retratos biológicos do Brasil, perderam-se para sempre. Segundo a pesquisadora em reprodução Silvia Cardoso, a perda científica é incalculável. “Havia lotes de animais que viviam na Amazônia ainda intacta, outros que foram retirados de áreas inundadas pelo lago [da usina] de Itaipu e espécies muito difíceis de serem encontradas na natureza.” A veterinária e doutoranda Cristina Espanha de Albuquerque afirma ter visto, em meio aos destroços, uma dessas espécies raras. “São três exemplares de uma [serpente] Corallus cropanii. Há pelo menos quatro anos que não se encontra essa espécie, e só há quatro amostras no mundo. A outra foi doada a uma instituição estrangeira. Vi os vidros com elas, mas não deu para tirar, já que está numa área em que o teto parece estar apoiado nas estantes.” Albuquerque é uma das pesquisadoras que talvez tenha perdido, com o incêndio, os dois anos e quatro meses da tese que elaborava sobre a dentição de 11 espécies de cobras. “Talvez eu possa utilizar outras amostras ou, dependendo da perícia, tenha até de mudar o tema da minha tese.”
Apesar do panorama desolador, tinha quem comemorasse. Quando, por volta das 15h, os bombeiros liberaram a entrada em parte do prédio, alunos e estagiários gritavam de alegria por ter encontrado seus materiais de trabalho. Outros beijavam os vidros, como a funcionária do laboratório Matilde Costa, ao achar um diplópode (piolho-de-cobra) vivo.

(Fonte: James Cimino/ Folha Online)

17 maio 2010

Lago do parque Ibirapuera, em SP, tem mais lodo do que água...

Odor às vezes ruim. Um certo aspecto de sujeira muitas vezes por causa dos próprios usuários. No caso da maioria dos lagos paulistanos, como é o exemplo do Ibirapuera, as aparências não enganam. A qualidade da água dos quatro lagos do local, em 2009, ficou entre regular e ruim durante 70% do tempo. Há alguns anos, ela já esteve pior.
Relatório da prefeitura que avaliou os parques públicos da cidade mostra que, na média, essa mesma marca ocorreu em todos os 15 parques da capital que foram analisados. Por causa do lixo, o lago principal do Ibirapuera está com apenas 30 cm de profundidade, em vez de 2,5 metros. No total, são 84 mil m3 de resíduos e lodo dentro dos lagos, que deverão ser removidos.
O lago da Aclimação, que foi pelo ralo após uma tempestade no bairro, continua em condições precárias. Só agora é que a Secretaria de Obras contratou um projeto para o novo vertedouro –o antigo foi destruído. Existe ainda um depósito de lodo no local. Uma exceção é o parque do Carmo. Segundo a prefeitura, a contaminação que existe no local é fruto do próprio cocô das aves que vivem por lá.
Os dados tabulados a pedido da Secretaria do Verde e Meio Ambiente referem-se a um índice usado para medir a potabilidade da água. Como ninguém mergulha nos reservatórios do Ibirapuera ou da Aclimação, por exemplo, a avaliação é mais relevante para saber até que ponto a biodiversidade do local – além de peixes, existem aves e outros grupos– está sob ameaça.
O resultado, principalmente quando é considerado a quantidade de oxigênio dissolvido na água, também preocupa, dizem especialistas ouvidos pela Folha. Da forma como está hoje, são principalmente espécies exóticas, como tilápias e carpas, que conseguem sobreviver nos lagos de São Paulo. “Será que a sociedade está disposta a pagar mais para ter um lago com espécies mais sensíveis ou nativas? Ou para ter água potável? Os lagos cumprem com as suas finalidades paisagísticas. Nós não temos mortandade de peixes”, afirma Hélio Neves, secretário-adjunto do Verde e Meio Ambiente.
Segundo diz, “essas análises têm objetivo de sinalizar, alertar, caso haja necessidade de uma intervenção ambiental”. Segundo o secretário-adjunto, que considera a situação “boa” dos lagos da cidade, ainda “é possível melhorar”. Os locais têm sido limpos com frequência, diz a secretaria, e a vegetação que fica nas bordas dos lagos, por exemplo, está sendo refeita.
Rãs, sapos e pererecas
Para saber até que o ponto um lago está em boas condições, muitas vezes, não adianta olhar só para dentro dele. “Os anfíbios são bons indicadores de qualidade”, diz Malu Ribeiro, coordenadora de projetos da ONG SOS Mata Atlântica. No caso de São Paulo, a depender dos dados do relatório da estatal, quem quiser procurar por esses bichos, e por um ambiente mais equilibrado do ponto de vista ecológico, deve ir ao parque Alfredo Volpi, na zona sul, por exemplo. “A condição de aceitável [ou regular, segundo o estudo], não dá subsídios para que exista um equilíbrio pleno da biodiversidade”, diz a ambientalista, especialista em recursos hídricos. Lagos em condições desfavoráveis, diz Ribeiro, atrapalham não apenas os peixes. “Mas as aves e os outros animais, como os anfíbios”, afirma.
Um grande problema paulistano é a chamada poluição difusa. “O cigarro, o entulho, o lixo em geral que é jogado na cidade e que vai chegar aos lagos. Uma coleta seletiva mais eficaz, por exemplo, melhoraria isso”.

(Fonte: Folha Online)

10 maio 2010

Fractais acabam com cozimento desigual dos fornos de micro-ondas...

Quando os fornos de micro-ondas nasceram, para preparar comida para os astronautas no espaço, eles eram eficientes e a comida era sempre aquecida por igual. Mas quando eles tiveram de baixar de preço para chegar às cozinhas do mundo todo, seu rendimento ficou comprometido, e eles passaram a apresentar a característica bem conhecida de aquecer os pratos desigualmente.
Cozimento desigual – “Isto limita o que você pode cozinhar e quão bem você consegue cozinhar. A indústria vem procurando por uma solução para isso há anos,” explica Nathan Cohen, coordenador de uma equipe que agora descobriu uma solução para o problema. A descoberta aconteceu por acaso, quando Cohen e seus colegas estavam usando um forno de micro-ondas comum para estudar as propriedades de metamateriais, materiais artificiais com propriedades não encontradas na natureza, responsáveis, entre outros, pela construção dos mantos de invisibilidade. Ao aquecer estruturas artificiais condutoras, finas como um guardanapo de papel, eles verificaram que sua presença no interior do forno garantia uma distribuição do calor por igual.
Metamateriais e fractais – A inovação vem da união de duas áreas da ciência ainda hoje tidas como exóticas: os próprios metamateriais e os fractais. Fractais são formas complexas e intrincadas construídas pela replicação de uma estrutura mais simples. Os metamateriais são compósitos feitos pela união de vários formatos ressonantes, uns grudados nos outros. Ao construir os ressonadores com fractais, os pesquisadores introduziram uma sinergia que permitiu uma versatilidade no controle e no desempenho do material artificial resultante que nunca fora alcançada.
Metafractais – Eles batizaram seu novo material de metafractais. “Pense nele como um cobertor elétrico de alimentos, mas que não precisa ser ligado. O alimento pode ser colocado sobre ele ou embrulhado por ele,” explica Cohen. Isso permitirá que a dona de casa não apenas cozinhe o alimento por inteiro, mas também selecione qual parte do alimento ela quer aquecer mais, simplesmente deslocando o guardanapo de metafractal. Construído na forma de uma folha de plástico, o metafractal se parece com um filme plástico normalmente usado na cozinha. Ele funciona como um ressonador que pega as micro-ondas geradas pelo forno e as espalha de maneira uniforme.
Economia de energia – Podendo ser fabricado também na forma de uma bandeja, o material poderá ser incorporado na própria embalagem dos alimentos congelados. Ao distribuir melhor o calor, o metafractal ainda diminui o tempo de cozimento, reduzindo o consumo de energia do forno de micro-ondas. O invento está sendo avaliado junto a empresas de alimentos e deverá ser comercializado pela empresa Fractal Antenna Systems.

(Fonte: Site Inovação Tecnológica)

04 maio 2010

Animal sintetiza caroteno...

Carotenos são pigmentos orgânicos encontrados em plantas e microrganismos como algas e fungos. São essenciais para a vida e nenhum animal pode sintetizá-los, por isso devem ser ingeridos na dieta. É o que diziam as fontes de referência – até agora.
Dois pesquisadores da Universidade do Arizona descobriram que o pulgão-de-ervilha (Acyrthosiphon pisum) é capaz de produzir seu próprio caroteno. A descoberta está descrita na edição atual da revista Science. Segundo eles, os afídios (insetos pequenos que se alimentam da seiva das plantas) aparentemente adquiriram tal habilidade por causa de uma rara transferência genética com fungos, há muito tempo em sua história evolutiva.
Os outros animais precisam ingerir carotenoides (moléculas relacionadas ao caroteno), que são vitais para uma série de funções do organismo (importantes para a visão e os ossos, por exemplo), bem como para a pigmentação. O beta-caroteno, pigmento que faz com que as cenouras sejam laranja, é o componente básico da vitamina A.
Nancy Moran e Tyler Jarvik decidiram investigar por que o pulgão-de-ervilha tem coloração vermelha ou verde, sendo que o primeiro tipo é devorado por joaninhas, e o segundo, por vespas. Para o estudo, os cientistas vasculharam o genoma dos afídios, sequenciado recentemente.
A surpresa foi descobrir que o próprio genoma contém múltiplas enzimas para a produção de carotenoides e que são esses compostos biossintéticos os responsáveis pela diferença na cor do inseto e não dieta ou predação por inimigos naturais.
Até hoje não se tinha notícia de animais capazes de produzir esses importantes antioxidantes, que os cientistas estimavam derivar apenas de alimentos ingeridos.
“Talvez esse seja apenas um caso raro e extraordinário. Mas em estudos genômicos um caso inicial geralmente se mostra como apenas um exemplo de algo muito maior”, disse Nancy.

O artigo Lateral Transfer of Genes from Fungi Underlies Carotenoid Production in Aphids (DOI: 10.1126/science.1187113), de Nancy Moran e Tyler Jarvik, pode ser lido por assinantes da Science em www.sciencemag.org.

(Fonte: Agência Fapesp)