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16 setembro 2006

É seguro ou não é?

Até o Cataflam, o antiinflamatório mais vendido no Brasil, é suspeito de aumentar o risco de infarto. Dá para se proteger?

Cristiane Segatto e Suzane Frutuoso


Se a dor é do pescoço para cima, o brasileiro toma Cataflam. Se é do pescoço para baixo, dá-lhe Voltaren. A anedota que circula entre os sanitaristas revela a preferência nacional pelos antiinflamatórios que têm como princípio ativo o diclofenaco. No Brasil, onde a automedicação é um hábito tão arraigado quanto escovar os dentes, é difícil encontrar um adulto que não tenha tomado esses remédios pelo menos uma vez na vida.

Dor de garganta, ouvido, joelho, contusões do futebol, cólica menstrual... Quase todas as mazelas vêm sendo tratadas com eles. Segundo a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), responsável pela fiscalização dos remédios no Brasil, o diclofenaco é encontrado em 89 medicamentos vendidos no país. A má notícia para os consumidores desse tipo de remédio é que, segundo cientistas, a substância não é 100% segura.

Na semana passada, um artigo divulgado na versão on-line do Journal of the American Medical Association (Jama) lançou dúvidas sobre o diclofenaco, sucesso de vendas há 30 anos. Patricia McGettigan e David Henry, pesquisadores da Universidade Newcastle, na Austrália, concluíram que o princípio ativo do Cataflam e do Voltaren aumenta em 40% o risco de infarto e morte súbita.

Os cientistas chegaram a esse resultado por meio de um processo conhecido como metanálise. Eles revisaram os dados de 23 estudos com vários antiinflamatórios - entre eles, o diclofenaco - realizados entre 1985 e 2006. Ao todo, conferiram os dados de 1,6 milhão de pacientes, algo sem precedentes em estudos desse tipo. Os autores do trabalho acreditam que as autoridades sanitárias deveriam rever os dados de segurança do produto.

O Food and Drug Administration (FDA), entidade que controla os medicamentos nos Estados Unidos, discorda. O FDA informou que não vai pedir a retirada da droga do mercado, nem alterar sua regulamentação. A Anvisa segue o mesmo caminho. Diz que vai analisar as novas evidências científicas. O episódio exemplifica como as entidades reguladoras de remédio, no mundo inteiro, lidam mal com o evidente conflito de interesses entre os laboratórios e os pacientes.

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