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25 maio 2008

Tratamento virtual

Pessoas com lesões cerebrais tem mais uma ferramenta para auxiliar em sua recuperação como descrito neste artigo da revista ciência hoje.....

Programas de computador que simulam situações cotidianas vêm sendo usados com sucesso no Hospital Universitário Clementino Fraga Filho, da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), para o tratamento de pacientes que sofreram lesões cerebrais graves provocadas por acidente vascular cerebral (AVC) ou traumatismo crânio-encefálico. Inspirado em jogos como Sims e Second Life, o tratamento consiste na criação de ambientes virtuais em que os pacientes são estimulados a realizar simples tarefas do cotidiano. Dessa forma, são treinadas funções físicas e psicológicas como atenção, concentração, capacidade de compreensão, raciocínio, memória e coordenação motora – habilidades afetadas pelas doenças neurodegenerativas em questão. O programa simula dois ambientes virtuais: uma casa e um supermercado. Com uma lista de compras e certa quantidade de dinheiro, o paciente deve comprar alguns itens no supermercado. Já na casa, ele pode acender ou apagar lâmpadas, ligar a televisão, o aparelho de som, o computador. A neuropsicóloga Lídia Cardoso, coordenadora do projeto e do Laboratório de Neuropsicologia e Cognição da UFRJ, aponta a vantagem da utilização desse tipo de jogo: “Os programas, de uma maneira ou de outra, forçam os pacientes a ter noção de planejamento, orientação espacial, raciocínio lógico. Apesar de não haver cura, pessoas com lesões cerebrais submetidas a essa forma de terapia apresentam significativa melhora na realização das tarefas diárias, reduzindo as seqüelas resultantes das lesões e podendo até retornar ao mercado de trabalho”, diz Cardoso. O projeto, iniciado em 2005, conta atualmente com cerca de 100 pacientes. O tratamento, que costuma durar em torno de um ano, é realizado de uma a duas vezes por semana no próprio hospital universitário, com sessões diárias de 30 minutos em média, dependendo do estado do paciente.
Níveis de dificuldade
Para selecionar aqueles que serão submetidos à terapia, é realizada uma série de exames neuropsicológicos que determinam quais foram as seqüelas sofridas e como elas podem afetar as habilidades e atividades diárias do paciente. Dependendo de cada caso, alunos do Instituto de Matemática da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (Uerj) elaboram jogos com diferentes situações e níveis de dificuldade. A terapia tem início com jogos em 2D (duas dimensões) e, após um mês, evolui para jogos tridimensionais em universos virtuais. Devido à falta de espaço e infra-estrutura, pacientes com outras doenças neurológicas, como demência e Alzheimer, por exemplo, não estão incluídos no tratamento. “A ampliação do número de pacientes e das doenças tratadas é um dos alvos do projeto para o futuro”, revela Cardoso. Outras novidades em vista são o aumento da complexidade dos jogos e a criação de novos espaços virtuais, além da possibilidade de os jogos serem, assim como seus similares, acessados nos computadores pessoais dos pacientes. “Iniciar o tratamento de crianças também faz parte de nossos objetivos”, completa a neuropsicóloga.

Por Rachel Rimas Ciência Hoje/RJ

http://cienciahoje.uol.com.br/119664

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