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30 agosto 2007

Tijolo que reutiliza garrafas PET concorre a prêmios científicos

Por Mônica Pinto / AmbienteBrasil

O Prêmio Finep de Inovação Tecnológica deste ano tem, entre seus inscritos, um produto que alia conservação ambiental a novos estímulos no campo da construção civil. Trata-se do “tijolo com PET”, primeiro no país a reutilizar uma garrafa PET inteira em sua fabricação.

O invento também está no páreo do Prêmio Professor Samuel Benchimol, que contempla tecnologias voltadas para o desenvolvimento sustentável da Amazônia.

O produto nasceu a partir de um projeto do professor de Física Newton Lima, com alunos de Engenharia Civil, Ambiental e Arquitetura da Ulbra – Centro Universitário Luterano - de Manaus.

Ele conta que foi procurado por alunos de Engenharia Civil para propor um projeto. Estava sem tempo, mas inspirou-se em um artigo que lera na revista da Gillete do Brasil, relatando que engenheiros ambientais tinham desenvolvido um tijolo com borra das lâminas de barbear.

“Logo pensei: ‘se dá certo com resíduos de lâminas, pode dar certo com garrafas PET’. E deu”, disse o professor Newton a AmbienteBrasil.

Em termos resumidos, a técnica consiste em colocar-se argamassa (cimento e areia) em uma fôrma de madeira ou de ferro. Em seguida, coloca-se a garrafa PET e encobre-se novamente com argamassa. Após dois dias, retira-se da forma, coloca-se para curar e, em sete dias, está pronto para ser usado como módulo de construção civil. A proporção é de uma garrafa por tijolo.

Quanto à aplicação prática do processo, Newton diz que deu consultoria à Associação Comercial da Bahia para construção de casas populares. Ministrou também oficina no município de Carauari (AM), pelo Projeto Rondon na Operação Amazônia Ocidental em 2007, destinada a colaboradores da coleta de lixo seletivo da cidade para fins de construção de sarjetas em sua periferia.

Segundo o professor, a prefeitura de Manaus, por intermédio da Secretaria de Articulação nas Comunidades, fez um breve treinamento para aplicação em um galpão de recebimento de garrafas PET na capital amazonense.

Nenhuma empresa privada manifestou ainda interesse em desenvolver o produto comercialmente, mas é possível que isso ocorra em breve, sobretudo em função das vantagens econômicos do tijolo PET em relação ao convencional.

“Quando termina a construção do tradicional, ele tem que ser embuçado e o de PET não; é quando o preço da edificação muda muito e o de PET fica mais barato em até três vezes”, diz Newton Lima.

Outras vantagens são os isolamentos térmico e acústico, de grande qualidade, segundo o professor.

Para o meio ambiente, o ganho salta aos olhos. É mais um incentivo para a separação do lixo, poupando os aterros sanitários, rios, lagos etc. do despejo de um resíduo cuja principal característica é justamente o enorme tempo até sua deterioração.

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