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04 maio 2007

Ecologia ajuda a competir?

O caso da Petrobras mostra como a preocupação ambiental se tornou estratégica para empresas que querem conquistar o mercado global

A petrobras foi apontada pela consultoria espanhola Management & Excellence (M&E) como a segunda empresa mais sustentável do mundo no setor de petróleo. Só perde para a anglo-holandesa Shell. O estudo comparou 386 indicadores de itens como tecnologias limpas, segurança e uso de recursos naturais. A Petrobras ficou à frente de gigantes do setor, como a British Petroleum. "A Petrobras foi a que mais evoluiu nos últimos três anos", diz William Cox, diretor da M&E. Segundo a consultoria, entre os fatores que influenciaram na decisão está a queda na emissão de poluentes e nos vazamentos de óleo. Além da boa notícia para a multinacional brasileira, o reconhecimento mostra como os cuidados ambientais ganham importância para empresas que desejam expandir sua atuação.

"Para se tornar competitiva no mercado externo, qualquer empresa é obrigada a assumir responsabilidades ambientais e sociais", diz Luís Cesar Stano, gerente de desempenho da área de segurança, meio ambiente e saúde da Petrobras. "Sem isso, hoje é impossível competir globalmente. Agora estamos entre as melhores do mundo. E devemos isso à preocupação com sustentabilidade, que foi nossa prioridade nos últimos anos."

Cuidar bem do meio ambiente - ou pelo menos cultivar uma boa imagem verde - é especialmente importante para empresas brasileiras com ambições internacionais. "O Brasil precisa romper com a idéia de que desenvolvimento é incompatível com respeito ao meio ambiente", diz Fernando Almeida, presidente do Conselho Empresarial Brasileiro para o Desenvolvimento Sustentável (CEBDS). A instituição representa no país uma coalizão de empresas que detêm faturamento anual correspondente a 40% do PIB nacional. Fazem parte do grupo instituições como Banco do Brasil, Suzano, Gerdau, Nestlé e Votorantim. "Na prática, estamos vendo o contrário. As empresas que conquistam uma imagem no exterior de respeito às questões ambientais e sociais estão em posições privilegiadas", diz Almeida.

A Petrobras acordou para isso há sete anos, quando um vazamento em um terminal marítimo encheu de óleo a Baía de Guanabara, no Rio de Janeiro. Poucos acreditavam que a empresa superaria a imagem de vilã da natureza. Acusada de estar sucateada pela falta de investimentos e tachada de ineficiente, a Petrobras parecia cada vez mais próxima da privatização. O início da transformação foi um investimento de R$ 12 bilhões em segurança ambiental. A empresa passou a se preocupar com o uso de recursos naturais, como a água que abastece as refinarias. Também investiu em programas sociais para as comunidades que convivem com suas plataformas de petróleo. O poço de petróleo de Urucu, no meio da Floresta Amazônica, virou exemplo de exploração sem devastação. O resultado foi melhor que o esperado. Além de recuperar sua imagem, a Petrobras passou a lucrar mais no mercado acionário, por ser considerada uma companhia segura para investimentos.

por Juliana Arini

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